Ouro Preto, 1897 - 1973 a Construção Social de uma Cidade Histórica Turística
Autor: Arley Andriolo
Instituição: Universidade de São Paulo
Nome do Curso: Arquitetura e Urbanismo
Orientador: Paulo César Xavier Pereira
Banca Examinadora:
Biblioteca Depositária:
Resumo:
A mobilização de pessoas de diversos grupos sociais em viagens para Ouro Preto, em Minas Gerais, tornou-se um fato marcante depois do segunda metade do século XX. No início deste século, os valores da cidade e das obras citadinas no imaginário nacional não eram capazes de estimular um número considerável de viajantes. Naquele momento os discursos apontavam para uma cidade decadente, em situação de ruins, tanto material quanto moral. Através de uma análise histórica dos discursos intelectuais e da produção de imagens sobre a cidade, a partir de 1897 - quando Ouro preto perdeu a condição de capital do estado de Minas gerais - pode-se observar como foram construídas nas décadas seguintes as representações sociais que hoje associam a cidade e gênese da história do Brasil e com o surgimento de uma arte genuinamente nacional. Na década de 30, no início do governo de Getúlio Vargas, Ouro preto foi considerada um Monumento Nacional com o poder de evocar aos patrícios a memória da nação e, como tal, foi instituída. Reside nesse fato a inversão mais significativa daquele momento anterior de ruína. Pelos anos 50, os textos eruditos sobre a antiga capital de Minas Gerais e a arte colonial ganham maior intensidade. Contraditoriamente, criaram-se valores que permitiam associar a cidade tanto à história da arte européia, pelas determinantes portuguesas na colonização, quanto por características únicas que localizaram em certas formas e conteúdos algo de oposto ao colonizador europeu. Surgia o conceito de "barroco mineiro". A esses discursos uniram-se outros, em especial aqueles proferidos pelos promotores do turismo brasileiro que, nesses anos 50, iniciava a organização de modo industrial, envolvendo as práticas ligadas a viagens, como, por exemplo, através da criação de hotéis e do fomento a excursões turísticas. O resultado da articulação desses processos foi a hegemonia de determinados discursos e imagens no plano das representações sociais, os quais possibilitaram a realização de recortes tempo-espaciais na produção das "cidades históricas de Minas", um marcante produto do turismo brasileiro Ouro Preto revelou-se a parte principal desse produto e o exemplo fundamental da construção social de uma "cidade histórica turística".
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