Da Vadiação à Capoeira Regional: uma Interpretação da Modernização Cultural
Autor: Luiz Renato Vieira
Instituição: Universidade de Brasília
Nome do Curso: Mestrado em Sociologia
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Resumo:
Esta dissertação tem por objetivo analisar as relações culturais entre Estado e sociedade civil no Brasil, no período que vai da Revolução de 1930 ao Estado Novo (1937-1945). O surgimento de uma forma ascética e disciplinada assumida pela capoeira - um misto de dança, luta e jogo afro-brasileiro - denominada Capoeira Regional, revela a penetração dos princípios autoritários das ideologias políticas vigentes no período nas instituições do ethos popular. A Capoeira Regional surge como esforço de legitimação de uma prática marginal, a forma ancestral da capoeira que os velhos mestres chamam de Vadiação, a partir da rearticulação de seus elementos simbólicos fundamentais, adequando-os às noções de eugenia, disciplina e nacionalismo que marcaram o pensamento político da época. Mestre Bimba, o criador da Regional, caracteriza-se como um agente de mudanças sociais a partir do agenciamento de vontades coletivas em torno da necessidade da constituição de uma nova ética para os setores médios urbanos, em emergência no contexto da industrialização por que passou a sociedade brasileira no momento em questão. Mestre Bimba atua como uma liderança tipicamente carismática, no sentido weberiano, sobre a comunidade da capoeira, rompendo as rotinas existentes nos princípios rituais e éticos tradicionais e revelando novos valores e padrões orientadores de conduta para os estabelecidas no âmbito de grupos aos quais se dirige. O estudo do impacto de uma proposta racionalizante sobre o ambiente em que vigora o que chamamos de “ética da malandragem” é capaz de fornecer elementos interessantes para que se estabeleçam paralelos com outras esferas sociais, além da cultura, também submetidas à dinâmica do embate entre tradição e modernidade.
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