O Caminho Entre a Percepção, o Impacto no Solo e as Metodologias de Manejo. O Estudo de Trilhas do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - SP - 2004
Autor: Cláudio Eduardo de Castro
Instituição: Universidade Estadual de Londrina
Nome do Curso: Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Orientador: Nilza Aparecida Freres Stipp
Banca Examinadora: Jurandyr Luciano Sanches Ross; Nilza Aparecida Freres Stipp; Omar Neto Fernandes Barros
Biblioteca Depositária:
Resumo:
As trilhas em ambientes naturais adquiriram uma função na contemporaneidade que é a de proporcionar o contato do homem com o ambiente no qual ela se insere. Isso porque a dinâmica social impõe-nos um cotidiano urbano cuja paisagem é completamente antropizada. Esse mundo antropizado leva cada vez mais a humanidade a necessidade de regressar a natureza, como forma de resgate da ancestralidade, conseqüentemente gerando substancial aumento de demanda sobre as trilhas em ambientes preservados. O aumento do número de visitas nas trilhas tem, invariavelmente, acelerado os processos naturais de degradação, como a erosão, lixiviação e laterização do solo, com reflexos sobre a manutenção da vegetação que encontra um ambiente edáfico diferente para fixar suas raízes. Desde o início da década de 1980 vem-se estabelecendo algumas teorias para a análise, planejamento e monitoria das trilhas que visam equacionar o número de visitas e a qualidade do ambiente buscando a preservação e a realização da satisfação buscada pelo visitante, considerando os diversos fatores envolvidos, tais como: as mudanças bio-físicas ocasionadas com a manutenção do traçado da trilha; as alterações necessárias e possíveis para se manter a satisfação na busca do regresso à natureza; a representação que o usuário tem do ambiente da trilha e dos impactos do uso; qual o número ideal de visitas; que indicadores podem facilitar na leitura do grau de impacto. Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa realizada em duas trilhas sob ambientes naturais preservados na Serra de Paranapiacaba, no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, no ano de 2003, onde as trilhas para o portal da caverna Casa de Pedra e a do rio Betari foram estudadas sob a ótica da Capacidade de Carga, LAC e VIM. Buscou-se estabelecer a relação entre o uso e o grau de impacto através da análise de amostras do solo, da representação do usuário e da degradação encontrada ao longo do traçado. As análises do solo consideraram as frações texturais e minerais, na tentativa de se estabelecer uma relação que indicasse o grau de degradação encontrado. Para tanto foram coletadas amostras do leito da trilha e de um testemunho que, comparadas, indicaram a alteração causada pelo uso do solo. Para que algum dos itens analisados pudesse demonstrar sua tendência para ser considerado indicador de impacto foram considerados traçados sobre variados substratos pedológicos, quais sejam: solos franco-arenosos na trilha do Betari e argilo-siltoso a franco-siltosos na trilha do portal da Casa de Pedra. Os solos demonstraram tendência de diminuição da Matéria Orgânica e de Fósforo nas amostras em que a degradação foi mais pronunciadas e que apresentaram ausência de raízes no perfil superficial, mas não demonstraram essa tendência nos outros pontos. A textura demonstrou variabilidade positiva com a degradação observada quando as frações foram plotadas no diagrama triangular de textura. O estudo das representações sociais dos usuários, foi realizada com os visitantes que visavam o turismo, funcionários do parque e com moradores tradicionais que usam as trilhas. As entrevistas se encaminharam de forma aberta pois mostraram-se mais adequadas na busca da resposta ao significado da trilha no universo psicológico dos usuários e dos fatores associados ao uso. Revelaram que para os usuários, indistintamente, a trilha não impacta o ambiente e não oferece risco à perpetuação dele. Já ao definir o que é impacto sobre a trilha, relataram a alteração da floresta como maior efeito do uso, dentre muitas citações, isso vem indicar a falta de introspeção das conseqüências do uso da trilha. Já quanto ao significado, a população tradicional considera a trilha utilitária e como parte da paisagem, ao passo que os visitantes de outras regiões a vêem somente como caminho para os atrativos e uma oportunidade de apreciar a natureza e de aproximação com a floresta. Uma intervenção nos primeiros 600 metros da trilha do Betari, que alteraram substancialmente as características da paisagem com a construção de escadas, drenagens, alargamento do leito, cava de barrancos e amontoamento de seixos com soldagem por argamassa de cimento foi citado com impacto negativo por todos os grupos entrevistados. essa intervenção, apesar de utilização de materiais locais, interferiu na satisfação do usuário, que em sua maioria entende a trilha como uma forma de inserção na natureza. As trilhas pesquisadas deixaram claro que o primeiro fator limitante para gestão é a própria existência da trilha que mantida sobre o ambiente da floresta durante períodos de paisagem. O uso constante ajuda à degradação por impedir a manutenção da matéria orgânica da floresta sobre o solo, pela diminuição do número de raízes e pela facilitação do escoamento, percolação e lixiviação do solo, uma vez que expõe os sedimentos à ação das águas e da insolação. Palavras - chave: Trilhas, Solos, Capacidade de Carga, PETAR, Manejo de Trilha
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