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<b>Autor: </b>Valquiria Garrote - <b>Instituição: </b>ESALQ

Os quintais caiçaras, suas características sócio-ambientais e perspectivas para a Comunidade do Saco do Manguaguá, Paraty - RJ - 2004

Autor: Valquiria Garrote

Instituição: ESALQ

Nome do Curso: Recursos Florestais

Orientador: Virgilio Mauricio Viana

Banca Examinadora: Vera Lex Engel

Biblioteca Depositária:

Resumo:

Esta dissertação teve como objetivo caracterizar e analisar dezenove quintais caiçaras na comunidade do Saco do Mamanguá, localizada no município de Paraty – RJ, do ponto de vista social, econômico e etnoecológico em estreita associação com os fatores externos de pressão presentes no contexto regional. A orientação metodológica adotada seguiu os princípios da pesquisa-intervenção em combinação com métodos e técnicas utilizadas nas ciências sociais, etnoecológicas e diagnósticos participativos. Os atuais e principais fatores de pressão vivenciados por esta comunidade são parte de um processo histórico, que teve início, principalmente, com a abertura da estrada Rio-Santos, cujo maior impacto foi o estímulo ao turismo na região, tendo como conseqüência direta o avanço da especulação imobiliária, contato crescente das comunidades caiçaras com centros de consumo, extração predatória de plantas com valor econômico e a criação de Unidades de Conservação na região, como uma medida de proteção. Estes fatores foram analisados do ponto de vista de seus impactos sociais, econômicos ambientais e culturais na reorganização dos sistemas tradicionais de produção e manejo dos recursos naturais da comunidade do Saco do Mamanguá, com enfoque no uso da terra, em especial, nos sistemas de produção quintais. Uma das conseqüências mais evidentes foi a perda de território e de mobilidade interna dos grupos familiares, resultando na diminuição dos espaços para plantios - roçados e quintais – e, por fim, na delocalização alimentar e aumento da dependência de produtos externos. Embora os itens alimentícios comprados na cidade representam 60,2% do total de alimentos citados nos levantamentos, os recursos locais ainda contribuem com 39,7% dos itens alimentares, sendo que 13,7% são provenientes dos quintais, que oferecem, principalmente, frutas e, em menor quantidade, verduras, plantas medicinais e condimentares. Isso mostra a importância dos quintais para a segurança alimentar das famílias. Nos dezenove quintais estudados foram encontradas 347 espécies, com uma média de 64 espécies por quintal, evidenciando sua riqueza em diversidade. Outro aspecto importante observado foi complexidade da estrutura dos quintais. Em todos eles foram observados três principais estratos: o estrato herbáceo com predominância de plantas ornamentais; o estrato arbustivo com espécies destinadas, principalmente, à alimentação e o estrato arbóreo, composto por espécies frutíferas e nativas, cujo ambiente sombreado produzido determina as demais espécies dos estratos inferiores, que, em geral, são espécies perenes, pouco exigentes em manejo e luminosidade e destinadas principalmente à alimentação. Considerando que os quintais são sistemas complexos, cujos fatores influenciam na sua forma, função e manutenção, foram observadas diferentes zonas de manejo. Ao caracterizar os quintais procurou-se enfatizar suas funções e valores, incluindo aqueles reconhecidamente intangíveis, dificilmente mensuráveis, ligados ao valor estético, ao lazer e ao aspecto emotivo. Isso permitiu dar visibilidade à contribuição dos quintais para a qualidade de vida das famílias e para a segurança alimentar e, através desses valores e dos sistemas de manejo já praticados, incentivar, futuramente, a formulação de novas práticas agroflorestais em sintonia com os princípios do desenvolvimento sustentável para a região.
 

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