"Terra Liberta": Hábitos Alimentares em Ponta do Mato

Autor: Simone Dantas Carneiro

Instituição: Universidade de Brasília

Nome do Curso: Mestrado em Antropologia Social

Orientador:

Banca Examinadora:

Biblioteca Depositária:

Resumo:

Tanto os homens quanto as mulheres costumam produzir seus alimentos no ritual e no contexto comunitário, a partir da pesca local. Naturalmente, os depoimentos do elemento masculino se ligaram mais ao processo produtivo e à distribuição do pescado, e foram tão claros quanto os das mulheres no que dizia respeito ao conhecimento dos peixes, do seu preparo e consumo. As mulheres falaram mais dos filhos, das dificuldades da vida em nível econômico e de doenças, principalmente as infantis. Notamos que os homens não aparentam nenhuma preocupação com a sua segurança no mar, “porque ali e onde a gente sabe andar e Deus protege a gente”, enquanto as mulheres como que cuidam deste aspecto da vida dos homens, fazendo promessas a santos e freqüentando centros espíritas e de umbanda para curar doenças e pedir proteção para os maridos e filhos no mar. Em parte atribuímos o fato dos homens serem mais explícitos no que diz respeito ao peixe (mesmo em nível de preparo e consumo) por ser específico deles o conhecimento das diversas espécies produzidas no local, enquanto que às mulheres cabe a gerência da casa e dos recursos econômicos quanto à compra de itens não produzidos pelos pescadores e que são necessários à sua reprodução física e social. O cuidado com as crianças as levou a nos consultar repetidas vezes sobre o remédios distribuídos pela Central de Medicamentos – CEME, (que existem em grande quantidade nas casas) para saber se concordávamos com a sua administração às crianças doentes. A análise dos dados foi feita em nível qualitativo, consistindo no estudo dos depoimentos dos pescadores assalariados e autônomos e foi feito também observações participante de vez que mesmo sem ter morado com o grupo tivemos a oportunidade de passar os ias no local, vendo sair e entrar os botes, presenciando a feitura de instrumentos pelas mulheres e crianças e fazendo refeições com as famílias durante todo o período de trabalho de campo. Toda a menção que fazemos de coisas que acontecem no mar alto, parte de depoimentos dos próprios pescadores, de vez que não nos foi facultada a ida à pesca. Em “Terra Liberta” é nosso propósito demonstrar como, no nível de produção, preparo e consumo de alimentos resulta em uma observação ímpar do ponto de vista gastronômico.